quarta-feira, 8 de abril de 2015

Poesia de Ninguém




Ser poeta?
Longe de mim tal agonia!
Prefiro ser Zé,
E juntar o resto das palavras do almoço de ontem;
Bagunçar a melodia ensaiada no suor;
Arruinar a lembrança de rima guardada pra mais tarde...
Ser poeta?!
Eu não.

Canção das Dores Rimada

Inspirações total e dependentes 
Jogadas e pagas a preço de sofrer 
Versos egoístas implorando por lágrimas 
Abraçando cada dia cinza que possas lembrar 
Vivo de me entregar a esses pobres miseráveis 
Que planejam aparecer ao passar de hora 
Enroscado em minha cabeça 
Como carne presa no dente 
Sobrevivo deles 
Cada tempo mal resolvido 
Cada debater de razão 
Mendigando palavras que não sei escrever 
Me fazendo escrava desse nobre mau 
Que de tanto afrontar Neruda 
O sufocou em rimas ilusórias 
Podia tornar-me um homem normal 
Pagão no mundo do amor 
E optar por meus versos pobres 
Rimados na facilidade de qualquer infinitivo 
Mas estou fadado a carregar minha cruz sentimental 
E ressuscitar a cada ponto final 
"Sentimentos bons não ganham plateia" 
Sufocar-se na mais completa solidão 
É triste, é trágico, é poético