terça-feira, 31 de março de 2015

SETE E MEIA



Esse homem que anda devagar,
Insiste em ver o céu na poça,
Entristece a cidade, como quem morreu anteontem.
Se hospeda em uma face velha,
Descansa na sombra de suas lembranças,
E acredita, no fundo do peito,
Que vida essa, tão cruel e cansada,
Ainda vai surpreender.
O cinza do carro que passou
Trouxe aquele calor que te faz agonizar,
Dessas agonias pálida de viver.
Aquela meia gastas, que se molha com o corpo
Massageia o pé de esperança,
E tua esperança é o que te faz continuar.
Que cansaço dessa rua...
Que desgasto desse homem...
Que ainda vai
A pé,
Na fé.
Apertando o passo e desconstruindo o compasso.
Um passo a frente ou dois pro lado,
Tanto faz se for ir...
Sonha, caminha e sonha,
Que já é sete e meia horas,
E seu patrão já chegou.